A Delegacia de Polícia de Investigações Sobre Entorpecentes de Mogi das Cruzes (Dise/Demacro) realizou, nesta sexta-feira (6), a segunda fase da “Operação Decurio”, cumprindo 16 mandados de busca e apreensão em diversas cidades do estado de São Paulo. A ação foi autorizada pela 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital, e dá continuidade a um complexo trabalho investigativo iniciado no ano passado.
A primeira etapa da operação desvendou um esquema sofisticado de tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e comunicação interna de uma facção criminosa. Entre os alvos, estavam líderes da organização, além de advogados e até agentes públicos suspeitos de colaboração. Um dos pontos de destaque foi o papel estratégico das “cunhadas” — mulheres de integrantes da facção — que garantiam a manutenção da comunicação entre presos e membros soltos do grupo. Também foi revelado um projeto de infiltração da organização nas eleições municipais de 2024, com o lançamento de candidatos para cargos eletivos.
Na ocasião, além de prisões e buscas, foram aplicadas medidas cautelares a 12 pessoas e determinado o bloqueio de bens no valor superior a R$ 8 bilhões.
A investigação também apurou o uso de uma empresa de refino e distribuição de combustíveis, com sede em São Paulo e filiais em várias cidades, para lavar recursos oriundos de atividades criminosas. Uma empresa de transporte público que manteve contratos suspeitos com a Prefeitura de Cubatão entre 2010 e 2017 também está sob investigação.
Além disso, há indícios de interferências no processo legislativo para a criação de leis que beneficiariam a organização criminosa.
As buscas ocorreram em diversas regiões, incluindo São Paulo (zonas leste e sul), São Bernardo do Campo, Diadema, Praia Grande, Campinas, Paulínia e Jaguariúna. Foram apreendidas joias, relógios de luxo, documentos, aparelhos eletrônicos e dois veículos blindados de alto valor. Na operação, foram bloqueados R$ 90,4 milhões em bens e 82 veículos registrados em nome dos investigados e empresas suspeitas.
A ação mobilizou 90 policiais civis e as investigações seguem em andamento para identificar outros envolvidos na rede criminosa.
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